Em continuação dos posts sobre trabalhar na Holanda...
Em primeiro lugar, para que tenham noção da minha realidade e dos que que me rodeiam:Faixa etária entre os 25 e os 32 anos, licenciados (alguns pós-graduados, mestrados, etc), entre 3 e 8 anos de experiência profissional nas áreas de formação (maioritariamente marketing, comunicação, sector financeiro, engenharias, gestão, hotelaria e vendas), fluentes em mais que uma língua, com e sem alguma experiência profissional anterior e muito espírito de sacrifício.Sei que é um perfil bastante específico, mas muito longe desta realidade já não é bem a minha praia.Alguns perguntam se vale ou não a pena, arriscar e vir para cá sem trabalho, ou se a melhor solução é procurar trabalho desde Portugal.Claro que é mais fácil arranjar trabalho estando cá, até porque para as empresas o processo de recrutamento é muito menos moroso e muito mais simplificado se o recurso humano já cá estiver. Uma morada e numero de telemóvel Holandês num cv fazem milagres. No entanto, enquanto se toma a decisão e não toma (o que requer alguma organização e investimento financeiro - não esquecer que podemos estar a falar de uns meses sem estar a ganhar, num país com custo de vida mais caro que em Portugal), aconselho claro, a procurar trabalho e enviar cvs desde a nave-mãe. Foi o que fiz, e cheguei a iniciar alguns processos via skype.A parte positiva de ser recrutado desde Portugal (além de já vir descansadinho e com muito menos pressão e stress), embora seja muito mais difícil de o conseguir, é que existe um benefício fiscal na Holanda para expatriados. Quer isto dizer que se fores trabalhador qualificado e com alguns requisitos obrigatórios (ver na net), e se conseguires ser contratado ainda no país de origem, podes candidatar-te ao chamado 30% ruling. Basicamente este benefício permite que o expatriado só desconte sobre 70% do seu salário anual, ou seja, ganha-se mais em salário net e desce-se de escalão do irs, acabando por ser uma diferença significativa.No entanto não é garantido, não vale a pena contar com o ovo no cu da galinha. O certo é que conheço bem mais gente sem o 30% ruling, do que com. Dá algum trabalho, as empresas não estão para isso, e o governo já começa a colocar alguns entraves, dada as altas percentagens de imigração por cá. De qualquer forma existe, acontece e é sempre um push de motivação.Caso não se encontre antes e se tenha a certeza que este é o passo que querem dar, é vir na mesma.Por cá há trabalho, e bastante abertura a pessoas de outros países. Certo, pode demorar, ser frustrante e cansativo, e sim... também há crise, mas bem diferente da Portuguesa. O mais difícil é começar. O primeiro trabalho. Quem chega não tem experiência no mercado, em muitas empresas também querem que saibamos falar holandês, uma língua impossível de apreender em meia dúzia de meses (se não falam Inglês então, não vale a pena sequer virem), não temos contactos no país (ou temos poucos), andamos ainda um pouco à descoberta.É difícil sim, é preciso enviar muito cv, ir a muita entrevista, e nunca, nunca desmoralizar. A partir desse primeiro trabalho, parece-me mais fácil a movimentação. Portanto, mesmo que o primeiro trabalho não seja o trabalho de sonho, é o primeiro e abre muitas portas. Não se preocupem com o facto de ter uns quantos meses em branco sem referência profissional no vosso cv. Eles cá não ligam a isso, e não há nenhum estigma nesse sentido. Aceitam bem que as pessoas façam escolhas diferentes e que aproveitem determinadas alturas da vida para fazer algo fora do comum ou ter uma experiência que não seja a ordem profissional a que estamos habituados.
Agora, se não tem um pezinho de meia para se aguentarem uns tempos (pelo menos para 3 ou 4 meses), então cuidado. Não se arranjam facilmente "trabalhinhos" a lavar pratos ou a servir às mesas para desenrascar (a não ser que já conheçam alguém na área que vos de uma ajuda). Geralmente tudo o que é café, restaurante, loja, ou qualquer tipo de estabelecimento que pressuponha contacto com o cliente/consumidor, não vos vai contratar se não souberem falar holandês. Afinal, esta ainda é a terra deles (apesar da constante invasão).
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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014
>> #2
segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
>> #1
Bem, cá vamos.
Antes de mais é importante esclarecer que as pessoas emigram por diferentes motivos.
Eu não vim para a Holanda por passar qualquer tipo de necessidade. Estava empregada, morava no centro de Lisboa, tinha um salário que apesar de se manifestar curto no ultimo par de anos, ainda dava. Não para o estilo que gostaria de ter e que tive um dia, mas dava. Dava pouco, dava cada vez menos, mas ia dando.
Vim para cá porque quis continuar a investir em mim, porque queria o estilo de vida que tanto estudei e trabalhei para conquistar e que me foi sendo roubado com o passar dos anos. Vim porque sentia que tinha mais valor do que me davam e queria um oportunidade para o demonstrar. Queria continuar a crescer. Queria fazê-lo num sitio em que tal fosse possível, de forma justa e adequada, em que me pagassem proporcionalmente ao trabalho que desenvolvo e com condições de vida que me permitissem viver a minha ainda tenra (cof cof) juventude. Vim porque queria conseguir poupar uns trocos ao final do mês, jantar um par de vezes fora sem fazer contas à vida, e não tremer com suores só porque é Julho e tenho que pagar o seguro do carro (até porque agora ando de bicicleta, e essa não paga seguro ou imposto).
Vim também por amor e pela ideia de uma vida a dois mais desafogada e livre, pela possibilidade de poder criar uma família com as condições certas (ainda que não ideais) num futuro próximo, se assim me apetecer. Vim pela aventura e pelo alargar dos horizontes, por querer trabalhar em ambientes multi-culturais e socializar com pessoas de culturas diferentes.
Vim porque sabia que não ia encontrar uma solução fácil para o que queria da vida, e teria de ser eu própria a lutar por ela. E por mim. E vim porque me apercebi que infelizmente não podia ter tudo e que para o o obter, teria que deixar para trás tantas outras coisas que amava.
Por ultimo, confesso que também vim porque perdi um pouco da fé que tinha no nosso país e toda a fé que alguma vez pude ter naqueles que o gerem.
Emigrar por necessidade é toda uma outra história, sobre a qual não me permito sequer a opinar. Não sei fazê-lo, nunca passei por tal. Em vez de dizer baboseiras, prefiro estar calada. São situações que vejo como situações- limite e em que cada um toma as decisões que tiver de tomar para as resolver ou lhes por termino.
A primeira opção, não deixa de ser isso mesmo, Uma opção. E é para esses que falo. Os que querem porque sim, e não porque têm que ser ou têm bocas para alimentar.
Nós optámos por vir para a Holanda por uma série de motivos. Um dos principais porque já tínhamos amigos por cá.
Depois porque pensamos e estudamos mercados e foi o que nos fez sentido. Para que as escolham não sejam feitas à t, ficam alguns facts and figures.
Depois porque pensamos e estudamos mercados e foi o que nos fez sentido. Para que as escolham não sejam feitas à t, ficam alguns facts and figures.
# Alguns números:
Salário Mínimo - em vigor a partir de Janeiro de 2014, para trabalhadores com mais de 23 anos e em full time.
• € 1.485,65 buto por mês
• € 342,85 bruto por semana
• € 68,57 bruto por dia
|
(Valores mensais sem subsidio de férias. Os valores líquidos não estão estipulados por lei, depende de uma serie de tributações, no entanto e apenas para ter uma ideia o salário mínimo liquido mensal, este rondará os 1000 euros, ou muito muito perto disso)
Taxa de desemprego - 8,5% em Dezembro de 2013. Já esteve pior em Julho do mesmo ano, mas cresceu mais de dois pontos percentuais só de Julho de 2012 até agora. O país também está em crise. Muito muito diferente da nossa noção de crise, mas também está.
Taxa de desemprego jovem- 11.30% em Dezembro 2013
População- 16,7 Milhões. Num paísinho pequeno. Muito pequeno. Mais pequeno que o nosso. Quase 3,5 milhões são expatriados ou imigrantes.
A emigração não é para toda a gente. E não tem mal nenhum nisso. Há pessoas com maior ou menor capacidade de adaptação, de espírito de aventura, de espírito de sacrifício, que são mais ligados à cultura, ao dia-a-dia a que desde sempre estão habituados. Por isso é preciso ser uma decisão pensada e repensada. Vai ter sempre um grande factor de risco, mas convém que seja um risco controlado. Virem para cá e estarem infelizes e miseráveis não vale a pena. A vida de emigrante às vezes pode ser ingrata, por isso é preciso ter o querer, e a vontade, e certeza que é esse o passo que se quer tomar. E estar pronto para enfrentar o que daí vem...
Se for esse o caso... boa sorte!
No meu caso, já valeu mais que a pena.
>> #0
Finalmente e após muita luta, arranjei trabalho. Yay!!! Festa! Tragam o champanhe e o fogo de artificio que agora sim é tempo de celebração. Mission accomplished.
Arranjar trabalho na Holanda não é propriamente pêra doce. Cheguei forte e cheia de energia positiva, a pensar que podia conquistar o mundo em menos de três tempos. Eu conseguir conquistá-lo consigo, demorou foi mais tempo do que previa, o que requer muita paciência e perseverança.
Arranjar trabalho por cá depende de muita coisa, como tudo na vida. E cada caso não é mais que isso mesmo, um caso.
Depende das áreas, das qualificações de cada um, das competêcias, dos anos de experiência, da idade, de expectativas, da sazonalidade...e mais que tudo depende de timmings e um pouquinho de sorte. Eu pessoalmente nunca tive o cu virado para a lua, e portanto enquanto conheço gente que demorou um, dois meses (ou até menos) para arranjar trabalho, para mim foram quase quatro. Quatro longos e cansativos meses de trabalho intenso e luta na minha única ocupação e tarefa diária a que me dediquei sem baixar os braços.
Ultimamente algumas pessoas me têm pedido ajuda e orientação nesta grande aventura que é vir viver para cá e procurar trabalho. Parece-me que infelizmente e dada a conjuntura do nosso país, que é algo que vai continuar a acontecer e os pedidos vão continuar a cair na minha mailbox. Por isso aqui vai, na minha ultima semana de dona de casa desesperada, uma série de posts que vou compilar de emails já enviados e que servem apenas de alguma orientação a quem tenha questões sobre como vir para cá, e se vale ou não a pena o investimento.
Não passa da minha opinião pessoal, baseado na minha experiência e dos que me rodeiam. Não sou nenhuma expert no assunto, por isso o que aqui ficar escrito, vale o que vale.
E claro que sim, é um assunto que dá pano para mangas.
Arranjar trabalho na Holanda não é propriamente pêra doce. Cheguei forte e cheia de energia positiva, a pensar que podia conquistar o mundo em menos de três tempos. Eu conseguir conquistá-lo consigo, demorou foi mais tempo do que previa, o que requer muita paciência e perseverança.
Arranjar trabalho por cá depende de muita coisa, como tudo na vida. E cada caso não é mais que isso mesmo, um caso.
Depende das áreas, das qualificações de cada um, das competêcias, dos anos de experiência, da idade, de expectativas, da sazonalidade...e mais que tudo depende de timmings e um pouquinho de sorte. Eu pessoalmente nunca tive o cu virado para a lua, e portanto enquanto conheço gente que demorou um, dois meses (ou até menos) para arranjar trabalho, para mim foram quase quatro. Quatro longos e cansativos meses de trabalho intenso e luta na minha única ocupação e tarefa diária a que me dediquei sem baixar os braços.
Ultimamente algumas pessoas me têm pedido ajuda e orientação nesta grande aventura que é vir viver para cá e procurar trabalho. Parece-me que infelizmente e dada a conjuntura do nosso país, que é algo que vai continuar a acontecer e os pedidos vão continuar a cair na minha mailbox. Por isso aqui vai, na minha ultima semana de dona de casa desesperada, uma série de posts que vou compilar de emails já enviados e que servem apenas de alguma orientação a quem tenha questões sobre como vir para cá, e se vale ou não a pena o investimento.
Não passa da minha opinião pessoal, baseado na minha experiência e dos que me rodeiam. Não sou nenhuma expert no assunto, por isso o que aqui ficar escrito, vale o que vale.
E claro que sim, é um assunto que dá pano para mangas.
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