terça-feira, 8 de outubro de 2013

>> semana 3

Faz hoje exactamente três semanas que chegamos à Holanda.

Podia mentir-vos e dizer que continuamos sempre animados e felizes, com a mesma energia com que saímos ali dos lados de Alvalade. Mas isso não é bem verdade. Para ser sincera já tivemos uns quantos dias em que nos pareceu que este pequeno país, inofensivo à vista desarmada, nos estava a dar um valente tareão. Daqueles tareões à moda antiga, dos bravos.
Nesses dias acordámos maçados, de moral em baixo, desanimados, com vontade de nos enroscarmos em posição fetal e nos rendermos aos quentinhos da cama.

A corrida às casas tem sido (e aparentemente é sempre) desesperante. A cidade é pequena e sobre-lotada, as agências imobiliárias tiram-nos euros das mãos como se tira um doce a uma criança, e os preços... bom, os preços são exactamente aquilo que esperávamos..., caros. É precisamente esse o preço a pagar por viver numa cidade com aspecto de postal. Após muita luta para encontrar uma raridade de casa que não seja um buraco e com que queiramos ficar, ainda se tem pela frente a aventura de ter que ser "escolhido" pelo dono da casa, frente-a-frente a tantos outros casais desesperados por arranjar um tecto. Uma diversão constante portanto...

A busca de trabalho também é maçadora. É preciso ouvir muito "nãos" antes de se ouvir um sim e apesar de sabermos que faz parte do processo, e que passou ainda muito pouco tempo, há dias que as três semanas parecem ser três meses.

Mas nem tudo é desanimador. A cidade é como já descrevi acima - um postal, costumamos descrevê-la como "uma pequena Amesterdão". Cheia de canais e zonas verdes, flores e gente descontraída a conduzir as suas bicicletas de todos os feitios e maneiras.

Após uma primeira semana fria e cinzenta, com as temperaturas a fazerem lembrar o inverno tuga quando na verdade chegámos ainda em pleno verão, fomos brindados com dias solarengos e temperaturas a rondar os 20º.
Até ver, um povo simpático e prestativo, com mais sorrisos nos lábios do que esperávamos de quem é de um pais tão "nórdico".

Já palmilhámos Utrecht, os seus cantos e recantos, já nos sentamos em esplanadas a beber cervejas holandesas (e belgas) enquanto tentávamos pronunciar meia dúzia de palavras nesta língua do demo e também já começámos a ter aquela sensação de que já conhecemos os cantos "à casa". A nova "casa".

Com toda a estranheza com que se pode dizer estas palavras, sobre um recanto que acabou de nos acolher.

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