quarta-feira, 13 de novembro de 2013

>> lixo

Nunca, mas nunca na minha vida pensei fazer um post sobre este tema, mas não há como ignorá-lo. Mais que não seja, porque alguém que pondere vir morar para cá pode ler este post, e tem que estar preparado para isto.

Não sou numa perita na Holanda, até porque como sabem ou entretanto já perceberam, acabei de cá chegar, e viajar por enquanto está escasso. Falo na Holanda no geral, porque tenho a sensação que por cá tudo funciona mais ou menos da mesma forma, metódica q.b, organizada, e que não deve diferenciar muito de cidade para cidade. 
Para os mais sensíveis peço desculpa se a coisa não se passar em todo o lado, como se passa por cá em Utrecht.

Em qualquer casa de família em Portugal, há sempre discussão pegada sobre quem leva o lixo à rua. Há sempre "alguém" que se esquece, "alguém" que tem preguiça, "alguém" que não lhe apetece. Tarefa chata, ter que pegar no saco mal cheiroso, que pode pingar, ter que ir à rua de propósito, em muitos sítios que não Lisboa ir até ao fundo da rua, abrir o caixote (o que significa tocar-lhe), aguentar o cheirão... Uma maçada tremenda.

Pois, na Holanda não há esse problema. Na Holanda, pelo menos nós cá em casa, sorrimos com alegria para ir por o lixo na rua. Não nos custa nada, é na verdade a tarefa que fazemos com mais gosto. 
Porque perguntam vocês? Bem, na Holanda o lixo é apanhado à porta de casa de cada um - salvo  raras excepções como os prédios altos. Mas na Holanda o lixo é apanhado uma, atenção UMA vez por semana. E não, não existem contentores na rua senhores, não existem. Pumba, lixo em casa uma semana certinho.

Isto também dá que pensar. E se vais viajar e perdes o dia do lixo? E se não estás em casa no dia da recolha? E se te esqueces?  E se adormeces? Tema estúpido é certo, mas que dá que pensar. Enquanto não arranjo solução para isto, todas as terças-feiras são um dia feliz!

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

>> 2/3

Tenho pensado na  regra de três simples. Aquela em que se consegue determinar o valor de x, através de outros três valores. Cheguei à conclusão que a nossa vida é, desde que viemos para cá, uma regra de três simples. Ou quase. Ou se calhar é ao contrário. Nunca percebi nada de matemática. 

Basicamente na nossa equação, já chegámos à Holanda com valor do "x". Bem, mais coisa menos coisa. Se calhar não sabemos o seu valor, mas sim o seu significado: uma vida mais tranquila, o regresso à normalidade, a sensação de realização nesta grande loucura que foi termos saído de Portugal da forma como saímos.
E sabíamos os outros 3 valores também. 1- Arranjar a casa. 2- Trabalho para o B. 3- Trabalho para mim. Os grandes três. Só não sabíamos onde os encontrar. 

Old news -  já temos casa. Os tais 37m2 de casa.
Entretanto o B. já consegui trabalho. 
Falto eu. A pressão aumenta (e a minha impaciência também).

De qualquer forma, depois de um mês e meio, ter dois em três não me parece mal. Já faltou bem mais para descobrirmos o valor real de "x", e o que ele nos reserva.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

>> %!"=*$!

Só me apetece dizer asneiras.

Chove-nos em casa. Chove-nos a cântaros. Chove-nos como se não houvesse amanhã. 

Num país que não pára de chover, não me parece que seja bom sinal!

F$%&!

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

>> bica da saudade

Ontem fui passar a tarde a Amsterdam. Não foi propriamente em passeio porque ja fui com a agenda mega preenchida de afazeres, para uma tarde que se iria fazer sentir curta para tanta coisa. Foi uma visitinha de médico,  fui num pé e vim no outro. Ainda assim, mal saí na estação central fui inundada pela energia vibrante da cidade, e recordei o quão apaixonada fiquei por ela, quando há uns seis anos atrás passei lá férias com uma amiga.

Falarei um dia mais tarde sobre Amsterdam, a pouco mais de 20 minutos de Utrecht e com uma agenda cultural e social invejável, certamente passaremos por lá muito tempo quando a nossa vida por cá se endireitar.

Este post sobre Amsterdam, que na verdade não tem nada de nada sobre a cidade, foi apenas para dizer que aproveitei a curta viagem para visitar a Casa Bocage, um pequeno café/mercearia português, muito perto da estação. Há muito que já ouvia falar da mesma, e em como é um dos pequenos refúgios da comunidade Portuguesa da Holanda. Tinha que passar para experimentar.

Quanto a mim, estava desesperada por um café.  Não por um café qualquer, que de café da trampa já eu estou farta. Estava morta por uma bica. Bica à séria Bica portuguesa!
É difícil explicar aos portugueses em Portugal a falta que estes dois dedos de bebida acastanhada nos faz por aqui (e não,  ir de férias durante duas semanas e não encontrar café de jeito, não se compara sequer à nossa angústia diária de saber que por muito que entramos em tudo o que é casa de café, nunca mas nunca encontramos uma bica que valha minimamente a pena).
Paguei 2 euros pela bica na Casa Bocage. E há muito que nada não me sabia tão bem.
Depois disso olha-se à volta e não se resiste a tanta tentação.  Quer-se  tocar em tudo, levar tudo, cheirar e comer tudo.

Estes amigos vieram comigo para casa - queijadinhas, manteiga milhafre (dos Açores, atenção) e sopa de cebola. Trouxeram-nos mil sorrisos.


E é esta a nossa recém descoberta, a do poder imenso de todas estas pequenas coisas!

terça-feira, 15 de outubro de 2013

>> ninho d'Amor

E o circo que foi hoje para que este menino (que é como quem diz um colchão de casal com 1.60x2.00m) subisse as típicas escadas Holandesas que temos na nossa casa?
Pois...

>> amaliastraat

Foi ontem o dia. Dia de mudança, mais uma mudança. Finalmente temos casa. Uma mini casa.  
37m2 de casa, bem capazes de caberem dentro só dos dois quartos da casa que tínhamos em Lisboa. 37m2 de casa que deram muito trabalho a encontrar, que agora são nossos, e  nos fazem felizes.

Tínhamos planos para o dia de ontem. Mudança manhã e tarde, noite de relax, uma comidinha gostosa e finalmente  dormir num colchão (passadas 28 noites - 28 - a dormir no chão da sala dos nossos queridos amigos Laranja e Zefas). 
Fomos ingénuos.  Os dois. Se mudança em Lisboa é mau que dói,  aqui não podia ser melhor. Mais não seja porque é feita a pé,  ou de autocarro, porque chove o dia todo, lojas do tipo Ikea são lá bem nos confins da cidade, e os filhos da mãe dos turcos a quem compramos o colchão para a nossa futura cama resolveram não aparecer para o entregar.


Dormimos no sofá na nossa primeira noite na nossa casa. Não fazia parte do plano. Comemos uma pizza de take-out ás 11.00 da noite. Também não fazia parte do plano. Mas abrimos uma garrafa de tinto Periquita que encontrámos no supermercado do bairro, e brindámos exaustos a "new beginnings".


sexta-feira, 11 de outubro de 2013

>> chuva

Ora bem, hoje chove em Utrecht. Presumo aliás, que chova em todos os Países Baixos, porque caso os mais distraidos ainda não tenham dado conta, isto é pequeno, muito pequeno.
Chove desde manhã.  Dei conta que chovia ainda enquanto dormia, pois ao contrário do que é habitual não tive o meu primeiro abrir de olhos às seis da manhã, e dormi directo até depois das onze. A chuva sempre me deu sono.

Mas chove, e chove e chove. Chove o dia todo. Não chove  como em Portugal, aquelas cargas de àgua que se ouvem dentro de casa, que alagam estradas, que tornam o transito um tormento. Chove mais brando. Mas não pára de chover, o dia todo.
Acho que ainda não tinha referido que já temos bicicletas, tal como manda a regra holandesa -( desenvolvimento deste assunto num outro post, que a conversa das bicicletas dá  pano para mangas). Hoje as binas não sairam. Hoje voltou-se a apanhar o autocarro. Porque? Porque não parou de chover!
E é então com grande espanto que saio à rua e percebo uma coisa incrivel - que a chuva na holanda não molha. 
Reformulando, a chuva na holanda não molha os holandeses. 
Ou talvez seja apenas o que depreendo eu, pessoa com galocha, kispo e chapéu de chuva, ao ver que ninguém nesta terra possui o ultimo destes itens. Eles na verdade têm um ar um quanto ou quanto encharcado, mas não deve passar de ilusão óptica minha, pois eles continuam, felizes e contentes a conduzir a sua bina. Ou a caminhar. Ou a esperar pelo autocarro fora do abrigo da estação. Tenham eles 4 ou 80 anos, lá vão eles, andando à chuva.

Feito incrível devo confessar. Vou continuar aqui na janela a olhar para eles, e a rezar para que qualquer dia também eu possa andar à chuva sem me molhar. Que jeito que me dava.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

>> semana 3

Faz hoje exactamente três semanas que chegamos à Holanda.

Podia mentir-vos e dizer que continuamos sempre animados e felizes, com a mesma energia com que saímos ali dos lados de Alvalade. Mas isso não é bem verdade. Para ser sincera já tivemos uns quantos dias em que nos pareceu que este pequeno país, inofensivo à vista desarmada, nos estava a dar um valente tareão. Daqueles tareões à moda antiga, dos bravos.
Nesses dias acordámos maçados, de moral em baixo, desanimados, com vontade de nos enroscarmos em posição fetal e nos rendermos aos quentinhos da cama.

A corrida às casas tem sido (e aparentemente é sempre) desesperante. A cidade é pequena e sobre-lotada, as agências imobiliárias tiram-nos euros das mãos como se tira um doce a uma criança, e os preços... bom, os preços são exactamente aquilo que esperávamos..., caros. É precisamente esse o preço a pagar por viver numa cidade com aspecto de postal. Após muita luta para encontrar uma raridade de casa que não seja um buraco e com que queiramos ficar, ainda se tem pela frente a aventura de ter que ser "escolhido" pelo dono da casa, frente-a-frente a tantos outros casais desesperados por arranjar um tecto. Uma diversão constante portanto...

A busca de trabalho também é maçadora. É preciso ouvir muito "nãos" antes de se ouvir um sim e apesar de sabermos que faz parte do processo, e que passou ainda muito pouco tempo, há dias que as três semanas parecem ser três meses.

Mas nem tudo é desanimador. A cidade é como já descrevi acima - um postal, costumamos descrevê-la como "uma pequena Amesterdão". Cheia de canais e zonas verdes, flores e gente descontraída a conduzir as suas bicicletas de todos os feitios e maneiras.

Após uma primeira semana fria e cinzenta, com as temperaturas a fazerem lembrar o inverno tuga quando na verdade chegámos ainda em pleno verão, fomos brindados com dias solarengos e temperaturas a rondar os 20º.
Até ver, um povo simpático e prestativo, com mais sorrisos nos lábios do que esperávamos de quem é de um pais tão "nórdico".

Já palmilhámos Utrecht, os seus cantos e recantos, já nos sentamos em esplanadas a beber cervejas holandesas (e belgas) enquanto tentávamos pronunciar meia dúzia de palavras nesta língua do demo e também já começámos a ter aquela sensação de que já conhecemos os cantos "à casa". A nova "casa".

Com toda a estranheza com que se pode dizer estas palavras, sobre um recanto que acabou de nos acolher.

>> welkom

Dizem-me que os blogs estão fora de moda. Já só se gosta do facebook, dos grupos (secretos) do facebook, dos grupos de whatssup, dos twitters, das conversas dos vibers, facetimes, skypes e afins. Já ninguém lê blogs ao que parece. Morreram.
Mas eu queria um blog. Queria muito relatar aos meus amigos as nossas histórias nas Holandas, e manter-me bem juntinho a eles, através de um blog e de todas as outras tecnologias acima descritas. Por isso abri um. E juntamente com as minhas mais amigas mais queridas, decidi que o meu blog não é demodé... o meu blog é vintage. O vintage sim está na moda.

Bem-vindos a mais um blog. Ao meu (e quem sabe se qualquer dia, ao nosso) blog.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

>> de Lisboa para Utrecht

Começou A aventura das nossas vidas. Depois de deixarmos a nossa linda casa, de vendermos tantos dos nossos pertences, lá fizemos por encaixar as nossas vidas em duas "malitas". Foi com esses 50 quilos (e mais uns quantos na bagagem de mão), uma alma carregada de negro, mas também com o entusiasmo e expectativa de quem começa de novo, que nos metemos no TP 664 das 11.00 da manhã com destino em Amesterdão.
Foi no dia 17 de Setembro. E nada depois dessa data, nada, será como antes.

Ready, Set, Go.